13 de maio de 2008

Supercordas: A pior das alergias

A pior das alergias: uma coleção de fatores cancerígenos
(midsummer madness records, 2003)

1. A pior das alergias
2. Quando o sol se põe
3. Meu vidrinho de fluidos oníricos
4. Frutas verdes
5. Longe do chão
6. At the core
7. Câncer
8. Quase-fim
9. Café pra não dormir

Escrito, gravado e mixado por Bonifrate em 4 canais em janeiro de 2003.

Download

O primeiro disco dos Supercordas seria na verdade um obscuro segundo solo do Bonifrate, se o Rodrigo Lariu não tivesse ouvido, gostado e lançado A pior das alergias pelo seu Midsummer Madness Records em 2003. A banda já vinha se articulando e resolvemos partir dessas canções pra montar as primeiras apresentações.
A sonoridade é puro lo-fi. Batidas programadas no computador foram transferidas pro porta-estúdio de fita e os instrumentos foram neste sendo adicionados, assim como em Satélites no bar. Mas enquanto neste último já havia uma imagem conceitual da sonoridade da banda sendo posta em prática, em A pior das alergias o clima é bastante diferente.
Apesar disso, a faixa título, "Meu vidrinho de fluidos oníricos", "Frutas verdes" e "Câncer" foram por muito tempo alguns dos highlights dos nossos concertos. Liricamente, pode-se dizer que este é um "break up album", na linha pessimista das grandes obras primas do coração partido de artistas como Beulah, Quasi ou Spiritualized.
Ainda que estivesse muito aquém do que viemos a alcançar sonoramente com Seres Verdes ao Redor, A pior das alergias foi o primeiro canal para as nossas aventuras musicais.

Aproveito pra re-publicar abaixo uma profética "introdução aos Supercordas" escrita na época do lançamento pelo grande poeta e nosso camarada Caio Carmacho para o sítio Coquetel Molotov.


Uma guitarra tem as cores dos teus olhos = Ursos tocam harpas na elipse do impossível

* (pequena lenda do vaga-lume esteta, da empregada loira de seios desenvolvidos e dos discos voadores)

Três integrantes, alguns instrumentos polifônicos com cadência de batuque, muitas possibilidades. Supercordas tal como a teoria, talvez consiga encravar vertentes no vasto meio sonoro (assim como os massons mataram o senhor Batata). Não são franceses que optaram por desbravar o Novo México com balinhas de menta e uma empregada loira de seios desenvolvidos (ou um repertório iluminado por diversas dissonâncias mágicas de um mesmo Zé). Nada disso (conquanto isso).
A empregada sequer existe (ou talvez ela exista?). Pensando bem, ela existe. Sim, a empregada existe e é louca, pois come catupiry. O catupiry é o ópio dos homens! Sim, e após comer catupiry que é o ópio dos homens, ela reza para um cinzeiro. As lágrimas caem como cachoeiras bélicas repletas de uvas e volúpia. A reza é acompanhada pelas lágrimas de um homem que não existe e achava que era tudo bonito e verdadeiro na igreja católica. Mas ninguém se importava com o homem que não existia. Porque falar de alguém que não existe? Acredito nesse ponto em Manoel de Barros: “As coisas que não existem são mais bonitas”. Aquele que não existe cansou-se de chorar e subiu no telhado. Quis ser pedra; acabou virando telha. O quadro está delineado na penumbra. Chega! Volta a estória da empregada: Nisso surge o mesmo santo de todas as noites e ele fala para a empregada loira de seios desenvolvidos:
- No provável eu seria um iguana ou talvez Jorge Mautner, mas aqui, sou matéria insólita e brilhante; bolha redonda...”.
E longe dali, um arco-íris de nome Dalai se abriu no horizonte. Pessoas dançam como se fossem morrer. Dançam o rock entre as bolhas. A consagração do ser pelo som.
Alguém chora por mim? Tereza chora por mim. O som é tão logo, tão belo som. A pureza das imagens-letras. Letras-imagens. Tereza e as laranjas.
A empregada não sabe o que significa Supercordas. Se ela soubesse seria diferente? Viraria ela uma deusa? Uma empregada deusa? Quem sabe? Talvez ela falasse a língua dos patos? Quem sabe tiraria poesias do mato? Seria vegetal para saber o que é ser vegetal. Hein? Supercordas? O rádio se ligou sozinho. Porque ligaria-se em conjunto?
Um conjunto, um samba, quatro notas. O rádio tem vida e vontade própria. O rádio cansou de tocar o que as pessoas querem ouvir. O rádio agora toca Supercordas.
Usando das palavras que não são estas acima, Bakural Marx já dizia: “Ser radical é tomar as coisas pela raiz. E a raiz para o homem, é o próprio homem”.
A ruralidade, o horizonte pelado no olho do sapo, a voz que traz consigo todos os tempos (presente-passado-futuro) que se cruzam, se intercalam, se fundem e eclodem numa força única (derretendo até o sal). Líquido novo e gritante...
A empregada ouviu Supercordas. A empregada nunca mais foi a mesma.

* o conteúdo apresentado não fornece indícios de participação de vaga-lumes ou discos-voadores. Fica a critério do leitor incluí-los ou não na estória supercordiana
.

3 comentários:

Eu Ovo disse...

Bonifrate,
Ou quem quer de vcs que ler esse e-mail... Queria aproveitar o lançamento do single de vocês para postar lá no blogui uma entrevista.
O single só tem duas músicas né? São elas, ‘Mágica’ e ‘Da orbita de um sugador’... não são? Muito legais essas faixas... Aliás, eu sempre curto o som de vocês... Ainda não arrumei tempo pra ouvir todos projetos paralelos... É tanta coisa.... Mas já baixei tudo pelo (Um)shroom Records.
Tem capa para esse single? Pode me passar? Vou mandar logo as perguntas que quem sabe a gente ainda coloca no ar esse fim de semana (eu posto todo sábado).

1. Como surgiu o Supercordas?

2. Vocês se inspiraram na ‘teoria das supercordas’ para dar o nome a banda?

3. Muitos dizem que o ‘Seres Verdes ao Redor’ foi o ‘Revolver’ de vocês, numa analogia com os Beatles. Vocês estão preparando um ‘Sgt. Peppers’?

4. Como vai ser o novo disco? Pq as duas faixas que saíram no single, estão bem mais rock do que o resto do trabalho de vocês...

5. Quando sai o novo disco? Vocês têm um deadline?

6. Me fale um pouco dos projetos paralelos? Dos integrantes da banda...

7. E quanto ao blogui? – (Mu)shroom Records – É um veiculo apenas para divulgar os singles ou projetos paralelos da banda? Existe retorno dos internautas? Porque é um texto muito bem escrito que descreve histórias engraçadas, como a da apresentação do Giraknob, e que versava sobre os ‘passarinhos psicodélicos’ e ‘espectros complexos’.

8. Download pela internet. Divulga ou prejudica o artista?

HB disse...

" Invalid or Deleted File
The key you provided for file download was invalid. This is usually caused because the file is no longer stored on Mediafire. This occurs when the file is removed by the originating user or Mediafire. If you believe you have reached this page in error, please contact support. "

Não teria como voces postar em outro dominio?

(mu)shroomrecords disse...

Oi, HB. Obrigado pelo aviso. Já acertei o link.
Abraço!